quarta-feira, 22 de abril de 2009

Da Janela do Sótão II

Avista-se a serra decepada pela “A8” no seu comprimento. Que pena a serra estar decepada! Antes verde, agora cinzenta de cimento e alcatrão. Por vezes os carros subiam serra a cima, pela estrada estreita e sinuosa, a contornar a serra, em direcção à Usseira, actualmente vão em grande velocidade, de norte para sul e de sul para norte percorrendo a serra em poucos instantes.
Meia serra, até ao sopé era cultivada. Esta era a altura em que a azafama era maior. Gentes de enxada na mão sulcavam a terra, enterrando aí algum do produto da colheita anterior. Árvores de fruto cheias de flor abundavam por lá. Flores das ginjeiras, ameixieiras, pessegueiros e de tantas outras enriqueciam a encosta de um jardim natural.
Cá em baixo, junto à casa da eira semeia-se a fava e o feijão, planta-se a couve e a alface e a batata também não é esquecida.
Havia alturas em que o mato na serra ardia, do meio para cima. Serviço sempre bem cumprido pelos Bombeiros Voluntários de Óbidos, que acabavam com o fogo.
A sul da serra uma ex-pedreira, da qual saíam toneladas de pedra para as diferentes obras. Por vezes explosões na pedreira cortavam o silêncio das pessoas na aldeia. Hoje em dia o silêncio na aldeia já não existe, os carros cortam-no a todo o instante.
O que se mantém ainda é o aparecimento do Sol, por vezes envergonhado, talvez pelo que andam a fazer à serra.

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