sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Da Janela do Sótão…


Vejo os telhados das casas da aldeia, e outras sem eles, degradadas. Alguém tome conta delas! Paredes que definham quase em ruínas. Lares que já tiveram vida, agora só a história ficou. E que histórias existem para serem contadas! Outras casas com telhados novos, paredes pintadas, não caiadas. Antes todas eram caiadas. A cal brilhava todos os anos, a pintura raramente, começa a estar feia, decrépita, bolorenta, ganha velhice. A calçada, sim, ainda existe calçada, irregular, as ruas estreitas, tornaram-se parqueamentos de carros, antes só burros e juntas de bois ali passavam, alguns a puxar uma carroça.
“Outono, época de vindimas, e o cheiro a mosto ao dobrar de cada esquina”.

Além, habitações recentes. Entre elas campos agrícolas, sem agricultores. Já ninguém quer ser… Terras férteis, sequiosas de produzir, cheias de gente e vida, agora adormecidas e vazias. Só cimento que cresce.
“Suor ensanguentado nas mãos que puxavam a enxada”.

No moinho, com paredes erguido no cimo da colina, velas recolhidas, do mastro que já não existe. Gemidos forçados pelo vento e cabaças que assobiavam junto das velas, abafando o seu sofrimento. Trigo, milho, qualquer cereal, triturado por mós de pedra, enormes, pesadas, bujardadas para que os grãos se transformassem em farinha.
“Animais acarretando os cereais, a subir os estreitos caminhos da serra e a descer, devagar, transportando a farinha…”

Mais para o Norte, o “Campo da Pinha”, cheio de futebol amador, em que os participantes, corriam em busca de uma forma arredondada que saltitava, fugidia, e que por vezes era apanhada por uma rede, fixa entre postes, num dos lados mais estreitos do terreno de jogo. Hoje, a erva cresce, ninguém está lá para a pisar e evitar que ela prospere. Outras actividades menos saudáveis chamam os jovens a acções menos benéficas.
“Gritos de alegria à sua volta, outros zangados pela tristeza dos seus não terem acertado a bola na rede…”

Como cresceram as casas na serra mais ao longe! A aldeia vizinha está mais próxima. Descubro vultos no horizonte, está a anoitecer… Começa a brilhar a iluminação pública. As nossas casas estão a ficar mais escuras, pelo sol desaparecido.
“Amanhã, verei o futuro deste presente, com um passado que o pensamento descobriu…”

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Hino da Restauração


Parabéns União Filarmónica de A-da-Gorda. Mais um ano, e a tradição teimou em se manter. A Banda Filarmónica saiu à rua para, mais uma vez, desfilar pelas ruas da aldeia tocando o “Hino da Restauração”, relembrando que no dia 1 de Dezembro de 1640, voltamos a ter um Rei Português…
"Quadro de Veloso Salgado (1864-1945), representando a aclamação de D. João IV no Terreiro do Paço, tendo o Tejo como fundo, e os chefes da conspiração em frente do novo rei".